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SEMANA DE ARTE MODERNA / 1922

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   - Tais Luso de Carvalho

ASemana da Arte Moderna aconteceu de 11 a 18 de fevereiro de 1922 – na verdade ocorreu em apenas três dias: 13, 15 e 17 – no Teatro Municipal em São Paulo. Essa semana foi um marco para a história da arte no Brasil, aparecendo na figura de Mário de Andrade  o principal líder e teórico do Movimento.

Um grupo de artistas – pintores, escultores, arquitetos, músicos, poetas e escritores de vanguarda – reuniu-se e organizou um evento que se intitulou Semana da Arte Moderna, que ficou conhecida como a Semana de 22.

Esse grupo tinha como objetivo romper com o academismo nas artes e nas letras: renovar, chocar, ousar, escandalizar e chamar a atenção para modificar as ideias e formas na pintura e literatura, levar ao público um espírito nacionalista. Sim, os trabalhos apresentados por este grupo chocaram profundamente o público, mas as ideias plantadas germinaram e formaram uma nova geração de artistas, mais preocupados com a humanidade, com a expressão dinâmica do século 20, com a violência, com a mulher como colaboradora inteligente da sociedade e da cultura, e com a nacionalização da arte.

Apresentou-se, então, no saguão do teatro uma exposição antiacadêmica que revelava tendências europeias desconhecidas do público. Naquela exposição, hoje marco histórico da pintura moderna brasileira, haviam trabalhos de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz, Zita Aida, Forignac, Vicente do Rego Monteiro, Martins Ribeiro e outros. Era um surto de nacionalismo, resultante, sem dúvida do desenvolvimento industrial do país – mais rápido e intenso em São Paulo.

Os inovadores, no entanto, incorreram no mesmo erro que condenavam nos acadêmicos: procuravam o Brasil na Europa. Mas pouco tempo depois os escritores e artistas da Semana de 22 sentiram a necessidade de reforçar o sentimento brasileiro que estaria soando falso nas tendências que haviam escolhido e adotado.

Segundo Oswald de Andrade... 

'Não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos'.

Promoveram, então, dois movimentos muito significativos: Pau-Brasil, 1924 e o Antropofágico, 1928. Agora sim, colocaram a mão no Nacionalismo! Inspiraram-se em temas regionais, folclóricos e indígenas.

Tarsila do Amaral participou do primeiro movimento, Pau Brasil. Inspirou-se muitas vezes num colorido ingênuo, lírico onde pintava objetos e utensílios populares, desde oratórios de santeiros rústicos à peças artesanais, a afirmações mais genuínas em nossa pintura, deixando para trás o academismo ortodoxo.

O Modernismo, que no Brasil representou a nacionalização da arte, da literatura e da música em todos os aspectos, passou a preocupar-se com os dramas do homem moderno e, principalmente com o drama do homem brasileiro.

Alguns dos Modernistas do Movimento de 1922: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Victor Brecheret, Anita Mafaltti, Di Cavalcanti, Heitor Villa Lobos, Menotti Del Pichia, Ronaldo de Carvalho, Sergio Milliet, Guiomar Novaes, Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira, Graça Aranha, John Graz, Zita Aita, Vicente do Rego Monteiro, Osvaldo Goeldi, Martins Ribeiro,Ferrignac,entre tantos outros.

Coube a Mário de Andrade sintetizar a herança de 1922:

A desintegração do passado artístico.
A atualização intelectual com as vanguardas europeias.
O direito permanente de pesquisa e criação estética.
A estabilização de uma consciência criadora nacional, preocupada em expressar o país.

A Semana de 1922 deixou seu legado!

             A Boba / Anita Malfatti ( a indignação de M. Lobato)                 Cabeça de Mulata / Di Cavalcanti
                    

                     Mulher  / Vicente do Rego Monteiro                                   Anita Malfati / Urutu


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Fontes:
Curso de Literatura Brasileira / Sergius Gonzaga - ed. Leitura XXI
Como entender a pintura moderna / Carlos Cavalcanti - ed.Civiliação Brasileira
História da Arte / Kenia Pozenato – ed..Mercado Aberto
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HENRI MATISSE

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A Dança / 1910

    - Tais Luso de Carvalho
Henri Matisse, pintor, escultor, artista gráfico e projetista francês, nasceu em Cateau Cambrésis – norte da França, no ano de 1869. Começou a pintar aos 19 anos enquanto trabalhava num escritório de advocacia. Em 1891 Matisse desistiu do curso de Direito e mudou-se para Paris onde entregou-se totalmente à pintura. Foi aluno de Boguereau antes de cursar a École des Beaux-Arts. Na época suas obras eram melancólicas, trabalhou em muitas naturezas-mortas e paisagens.

Foi uma longa caminhada. A visão de um clássico de Cézane - As três banhistas (que comprou), mudou seu destino. Aprendeu a equilibrar e usar cores fortes para simbolizar os sentimentos. Nascia, com um grupo de amigos - Dufy, Vlaminck, Rouault, Braque -, o movimento que veio a chamar-se 'Fauvista' o qual expuseram em 1905, em Paris, e vindo a ser rotulado como fauves (feras) , pois suas obras eram descritas como borrões ingênuos e selváticos, de uma criança brincando com sua caixa de tintas.

Os flauvistas não imitavam os objetos representados, mas os deformavam segundo as exigências da composição e da cor, numa visão jovial do mundo.

A cor agressiva e não natural, era certamente uma característica do movimento. Matisse foi, de longe, o mais expressivo artista do grupo. A agressividade nunca fez parte de seu programa, apesar de que os quadros que pintou por volta de 1905 incluíam os mais agressivos de sua carreira. As cores eram intensas e dramáticas, Matisse fundiu cor e forma para expressar suas reações óticas e emocionais em função de seu tema, e construía suas telas a partir dessas unidades: cor-forma, e arduamente conseguidas.

Em 'Notas de um Pintor' (1908) está escrito...

'O meu sonho é realizar uma arte de equilíbrio de pureza e serenidade'.

'Quero atingir aquele estado de condensação de sensações que constitui uma pintura'.

Não queria uma arte facilmente agradável, mas aquela em que os mundos, exterior e interior, estivessem fundidos em harmoniosa organização pictórica.

Matisse dedicou sua arte a temas de belas mulheres, interiores e flores. Em 1907 ele atingia um ponto de equilíbrio: linhas fluentes, corretas, e que pareciam mais realistas do que acadêmicas, cores que eram frequentemente agudas e estranhas, mas que irradiavam uma extraordinária paz.

Na sua obra A Dança / 1910, Matisse juntou o azul mais azul que existia, o verde mais verde e o vermelho mais vermelho nos corpos dançantes.

Sua intenção era simplificar a forma, exaltar as cores, mas também delimitar planos, volumes e perspectiva. Claro que para esse grupo de artistas fauvistas o importante era a vibração das cores intensas lembrando o estado de espírito das crianças e dos selvagens.

Aos 40 anos Matisse começou a ficar famoso e rico. Frequentava o famoso apartamento da escritora Gertrude Stein e ficou amigo de Hemingway e Picasso. E junto com Picasso foi considerado um dos maiores pintores vivos, mestre supremo das tendências artísticas que se caracterizava pelo uso abstrato das cores puras, e com ele compartilhava o gosto pela escultura africana. Matisse não foi um impressionista, neo-impressionista ou cubista, mas admirava esses movimentos, fez experimentos com cada um deles, porém criou um estilo próprio.

Em 1908 abre exposições em Nova Iorque, Londres, Roma, Paris e Moscou. Surge no mundo uma escola dita matissista. Logo vai ao Marrocos e se apaixona pelas odaliscas, danças do ventre, sons, arabescos e vapores do Arak. Um dos clientes mais importantes foi Sergei Schukin que visitava Paris frequentemente para comprar todas as obras que havia no atelier de Matisse e depois as mandava para a Rússia.

Em 1917 o artista mudou-se para Nice, na Riviera Francesa. Seu estilo e suas cores ficaram mais intensas nas pinturas das odaliscas e interiores, com vista para a Riviera, através das janelas abertas. Em 1925 recebeu a maior condecoração francesa – Légion d'Honneur, pelos serviços prestados ao mundo da arte.

Após um câncer abdominal, em 1941, Matisse ficou incapacitado para a pintura. Foi nessa época, então, que começaram os famosos recortes que podia criar na cama ou numa cadeira. Seus assistentes pitavam folhas de papel com tinta guache em cores vivas; ele as recortava e dispunha na tela, propondo o estilo abstrato e claramente naïf, dizendo ter alcançado uma perfeição maior do que sua pintura e escultura.
Faleceu em 1954 / Nice - França.
Ver Museu Matisse na guia superior: Museus do Mundo

Nu Azul                          A Mesa de Jantar / 1897

Mulher Lendo / 1894                                   Auto-retrato / 1918

Harmonia em vermelho / 1908
A Conversa / 1909

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Fontes:
Dicionário Oxford de Artes - Martins Fontes 2007
Grandes Artistas - Sextante
Grandes pintores - P.R. Derengoski


MANET E O IMPRESSIONISMO

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por Tais Luso de Carvalho

Édouard Manet, pintor e artista gráfico, nasceu em Paris, em 1832, no seio de uma família abastada. Seu pai era um alto funcionário do Ministério da Justiça e não aprovava, no início, a escolha do filho.

A formação burguesa moldou-lhe a personalidade, pois mesmo estigmatizado pelo meio, como um rebelde, sempre buscou o êxito, as homenagens tradicionais e comportava-se como homem de alta sociedade. 

Quando completou 18 anos entrou no atelier de Thomas Couture onde permaneceu por 6 anos.  Após, saiu e fez sua escolha pessoal, estudando a fundo as obras de artistas italianos e espanhóis pertencentes à coleção do Louvre.

Sua obra, O Bebedor de Absinto / 1859, o qual retratou um alcoólico,  foi rejeitada pelo juri do Salon.Outra obra,Le Déjeuner sur l'herbe, pintado em 1863 foi a primeira das suas  obras escandalosas. Em seguida,  com  Olympia - 1865,  causou maior comoção.A hostilidade com que foi recebida baseou-se-se não só em critérios estéticos, mas também em critérios morais.

A nudez  só era considerada aceitável quando representada num contexto suficientemente remoto no tempo  ou na mitologia, mas em Le Déjeuner sur l'herbe  mostrava uma mulher nua, fazendo piquenique com dois homens trajando vestes contemporâneas.

Em Olympia, a figura nua reclinada, foi baseada na Vênus de Urbino, de Ticiano (a qual Manet copiara em Florença dez anos antes).  Sua sexualidade, nada discreta, foi considerada ofensiva aos padrões aceitos na época.

De um crítico da exposição: a arte que desce a um nível tão baixo não merece, sequer, reprimenda. Manet foi atacado, também, por  sua técnica arrojada nas quais as finas gradações tonais da arte acadêmica  foram eliminadas em favor de contrastes vivos de luz e sombra.

O quadro Le Déjeuner sur l'herbe permite entender a posição de Manet face aos artistas acadêmicos – que o detestavam; mas, os pintores impressionistas o consideravam um mestre - apesar de nunca ter participado ativamente na vida do grupo.

'Os insultos chovem sobre mim como granizo', escreveu Manet ao seu amigo Baudelaire que, ao lado de Émile Zola foi um de seus maiores defensores. E foi nessa época que Manet percebeu que passava a desempenhar um papel de líder da vanguarda pelo grupo de jovens impressionistas, como também Monet, Renoir, Bazille, Sisley e Cezanne.

Mas, apesar de tudo, nos seus últimos anos Manet aproximou-se das técnicas impressionistas. Usou frequentemente o método de pintura em plena natureza de uma forma cada vez mais livre e mais espontânea.

O seu desprezo e fuga da pintura tradicional trouxe-lhe o respeito dos impressionistas. À partir de 1868, expôs regularmente no Salon,que considerava o seu verdadeiro campo de batalha pela nova arte.

Seus temas prediletos eram os associados à vida moderna, desenhando nos bulevares e cafés de Paris, apesar dos críticos não o pouparem, dizendo que Manet  só era capaz de pintar o que estivesse em sua frente, sendo incapaz de usar a imaginação. 

Manet é visto como um dos fundadores da arte Moderna e foi muito significativo  o título oficial da primeira exposição pós-expressionista, organizada por Roger Fry, em 1910: 'Manet e os Pós-Impressionistas'.

Nos seus últimos anos, ampliou o campo dos seus temas, elaborando retratos e naturezas mortas.

Manet começou a sofrer de ataxia locomotora, com dores insuportáveis, após uma perna amputada devido à complicações da sífilis. As honrarias  que tanto desejava, vieram tarde demais. Fora do tempo para serem apreciadas. 
Morreu em 1883.






fontes consultadas:
Os Mestres da Arte / As origens da pintura contemporânea - Porto Ed.
O Mundo da arte- Arte Moderna / Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações LTDA.



SÃO FRANCISCO – PINTURA E REVESTIMENTO

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     -Tais Luso de Carvalho

Para não dizer que não falei de Santo, nada mais oportuno – pela eleição do novoPapa Francisco - do que deixar aqui uma técnica muito bonita de São Francisco, o Santo protetor dos animais e dos pobres. Uma técnica muito simples, que condiz com o próprio Santo, com vestes de algodão, surradas e nada pomposo - como de fato foi  o Santo mais querido do Ocidente Cristão.


MATERIAL PARA FAZER O 'REVESTIMENTO' / Santo do centro da foto.

Uma peça de gesso ou madeira – de boa procedência e maciça.  O da foto tem 60 cm.
Cola Cascorez
Tinta PVA branca
Tinta a óleo
Termolina (impermeabilizante)
Betume
Solvente para limpeza dos pincéis
Pacotinhos de gaze de algodão (farmácia)


TÉCNICA

Deixe a peça em perfeitas condições, se necessário use lixa fina.
Passe cola nas vestes, por partes, e vá colando a gaze. Deixe secar bem, 24 horas ou use o secador.
Passe 3 de mãos de PVA branca na seguinte proporção: 3 partes de PVA para uma parte de Termolina leitosa em toda a peça, inclusive na pele.
Espere secar para não comprometer o trabalho.
Entre com o betume – dissolvido em solvente,  mas que não fique muito líquido  e sim pastoso. Vá passando com o pincel, primeiro nas vestes e limpando com pano macio num só sentido, de cima para baixo. Se precisar retoque. Por fim, passe a mesma mistura (mas um pouco mais diluída no solvente para não deixar a pele escura). Passe no rosto, mãos e pés. Retire imediatamente, no mesmo sentido. Lembro: tudo tem de estar bem seco.
O pedestal, terço, cabelo, barba e a pombinha no ombro pode ser pintada com tinta a óleo de sua preferência. Se já souber pintar rosto, pinte no final de tudo. Se não souber, preferível deixar apenas envelhecido. Não ficará desvalorizado.



FRANCISCO BRENNAND

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       Tais Luso de Carvalho

Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand nasceu em junho de 1927, na cidade do Recife – Brasil. Ceramista, escultor, desenhista, pintor e gravador.

Em novembro de 1971, o artista começou a reconstruir a velha fábrica de cerâmica São João da Várzea, fundada pelo seu pai em 1917. Inicia a restauração do conjunto e o transforma em um grande atelier, com áreas fechadas para exposição e também em áreas em que as obras ficam expostas a céu aberto.

Hoje, após mais de 34 anos de trabalho intenso e obsessivo, confrontamo-nos com esse complexo escultórico, cujo significado dá relevo a um sentidodaarte mitológicae religiosasonhado porFrancisco Brennand.

Em sua obra, Brennand conta que existem várias mulheres da mitologia greco-romana, sobretudo latina,permeadas por outras figuras femininas que o atraíram por serem mulheres desafortunadas. Esse infortúnio parece que acompanha a história da mulher, principalmentecomo um centro de gravidadede um universo passional.

Brennand fez sem grande esforço uma coleção de esculturas onde várias delas são mulheres muito infelizes, angustiadas, quase histéricas, usando grandes cabelos negros e cujas cabeças são lançadas para trás, ressaltando as gargantas inchadas e salientes, o que lhes dava a aparência de pescoços mutilados.

Antes de qualquer obra há um esboço de desenho e qualquer de seus trabalhos são contínuos e obsessivos.

'Quando pinto, sou um artista ocidental. Quando faço cerâmica minha pátria é um abismo pelo qual vou resvalando sem saber o que encontrarei no fundo'.

Em suas pinturas vinham sempre pensamentos cartesianos, planejamentos estruturados, intenções précias sobre a composição, a geometria e, finalmente a matéria que só o pincel isolado pode criar e isso tudo sem a definitiva ajuda mágica do fogo.

Desde a juventude Brennand foi atraído tanto pela pintura como pela literatura. Portanto livros de Dostoievski e de Emily Brontë tiveram sobre sua formação de artista o mesmo peso da descoberta dos mestres da pintura como Gauguin, Cézanne ou Van Gogh. E, estando na Europa essas influências foram multiplicadas por dez. Nenhum jovem estudante de pintura poderia escapar da influência de Pablo Picasso. Entre 1940 e 1950 estudou em paris e Barcelona.

Brennand conquistou o prêmio de melhor documentário da Mostra Internacional de São Paulo de 2012 e o troféu de melhor filme Nacional da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).
Aos 85 anos conceituado escultor e pintor pernambucano, instalou numa olaria herdada de seu pai, mais do que um santuário de criação, um parque temático, rodeado por belas e curiosas esculturas gigantes.

Oficina-Museu Francisco Brennand


Sofrimento 


Salão de esculturas
                                           
Veja os vídeos da história da oficina Brennand (até o final)

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Entrevista de Brennand ao Jornal do Comércio - agosto 2008. 
Caderno de Arte ZH março 2013
História da Arte / Graça Proença



TARSILA DO AMARAL / OBRA

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ABAPORU

TARSILA DO AMARAL nasceu em 1º de setembro de 1886, no município de Capivari / São Paulo. Seu pai, José Astanislau do Amaral herdou grande fortuna de seu pai, dono de inúmeras fazendas em São Paulo, onde Tarsila passou a infância e boa parte da adolescência.  

Em 1906 Tarsila casou-se com André Teixeira Pinto, com quem teve sua única filha, Dulce. Após sua separação começa a estudar escultura em 1916 com Zadig e Mantovani em São Paulo. Pouco depois, desenho e pintura com Pedro Alexandrino.  

Sua carreira artística começa em 1916 e só em 1920 viaja para a Europa e ingressa na Académie Julian em Paris frequentando o ateliê de Émile Renard.

Em 1922 volta ao Brasil e se integra no grupo modernista com Anita Malfatti, Osvaldo de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia entre outros. Começa aí, seu namoro com Oswald de Andrade.

Como tantos outros artistas, que fizeram parte do Movimento Modernista, Tarsila virou-se para os temas brasileiros, singelos, ampliando a técnica cubista e criando, também, uma atmosfera do mundo surrealista, com obras como Abaporu. Foi uma das artistas que mais acompanhou os literatos e participou dos movimentos Pau-Brasil e Antropofagismo.

Volta à Europa em 1923. Estuda com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas. Inicia sua pintura Pau-Brasil, dotada de cores e temas brasileiros. Casa-se no mesmo ano com Oswald de Andrade.

Em 1928 pinta o Abaporu para dar de presente de aniversário a Oswald que se empolga com a tela e cria o Movimento Antropofágico. É deste período a fase antropofágica da sua pintura.  Em 1930 separa-se de Oswald.  

A teoria antropofágica propunha que os artistas brasileiros conhecessem os movimentos estéticos modernos europeus, mas criassem uma arte com feições brasileiras. De acordo com esta proposta, para ser artista moderno no Brasil, não bastava seguir as tendências europeias,  era preciso criar algo enraizado na cultura do país.

Na época em que pintou A Negra e o Auto-retrato, em 1923, passou pela influência impressionista e em seguida encontrou as tendências modernas da pintura européia. Foi nessa fase que ligou-se a importantes artistas do modernismo europeu, como Fernand Léger, Picasso, De Chiric, Brancuse, entre outros.

Depois de uma viagem que fez aos países socialistas, no início dos anos 1930, Tarsila passou por uma fase de temática social, da qual é exemplo significativo o quadro Operários. Sua última obra foi o mural Procissão do Santíssimo em São Paulo no séc XVIII, encomenda pelo governo do Estado de S.Paulo e pintado em 1954.

Em 1933 pinta Operários e dá início à pintura social no Brasil. Daí em diante passa a viver com o escritor Luís Martins, por quase vinte anos.
Faleceu em São Paulo no dia 17 de janeiro de 1973. Tarsila colaborou decisivamente para o desenvolvimento da arte moderna brasileira.

Manteau Rouge


Antropofagia - 1929
Nessa obra sente-se, em uma só tela, a fusão de ABAPORU e A NEGRA

A Família


'Essa obra, intitulada A Negra- 1923, talvez tenha a ver com a saudade da artista de sua terra natal, no interior paulista onde as fazendas de cafezais ficaram em sua lembrança. Uma figura cheia de simbolismos: de lábios grossos, olhar melancólico, deformada, mostrando cansaço pela  opressão da raça negra.  Aparece despida, com seio à mostra, lembrando, de certa forma, a formação e o sustento da raça brasileira'.

O Carnaval
Operários


Estrada de Ferro Central do Brasil
Fontes: História da Arte/ G. Proenza - Como entender a pintura moderna / C.Cavalcanti
Arte Brasileira - Percival Tirapeli / Companhia Editora Nacional

JAMES ENSOR

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- Tais Luso de Carvalho

James Ensor, pintor e gravador belga nasceu em Ostende em 1860. Foi um dos artistas mais originais de sua época e uma das influências formativas do Expressionismo – movimento que implica a transformação ou distorção artística da aparência das coisas, a fim de explorá-las como veículo para um conteúdo emotivo.

Seus quadros bizarros, povoados de pessoas mascaradas e coloridos, retratavam um mundo burlesco e alienado. As máscaras e os personagens fundem-se numa dúvida: eram as máscaras que se transformavam em rostos ou os rostos humanos que se transformavam em máscaras? E com isso, repetia o mesmo tema: da existência humana, da morte, e de temas religiosos. Mostrava um certo desassossego, um desespero. Sua pintura, que retratava um mundo com muito humor e ironia aproximava-se de Bosch e Bruegel.

Entre 1873- 75, Ensor frequentouo liceu Notre Dame de Ostende. Teveaulas de desenho com dois artistas: Edouard Dubare Michel Van Cuyck.

Com suas obras fantásticas e também macabras exerceu uma influência considerável sobre a futura arte expressionista e surrealista. Mas sua obra, no entanto, desafia qualquer classificação.

O mundo das máscaras originou-se da loja de seus pais, sendo um dos primeiros artistas a apreciar as máscaras africanas. Utilizava cores ardentes para representar cortejos fantasmagóricos, multidões sem características individuais, percorrendo paisagens indefinidas como se fossem sonâmbulos.

Suas obras foram rejeitadas pelo Salão de Bruxelas de 1883. Com isso, Ensor juntou-se ao grupo progressista Les Vingt– um grupo de vinte pintores e escultores que expuseram juntos de 1884 a 1893. Entraram obras não só dos pintores belgas como Ensor, Jan Toorop, Henry van de Velde, mas também de Cezanne, Van Gogh e Seurat. Esse grupo teve papel importante, na Bélgica, nos movimentos Simbolista e na Art Noveau.

A obra mais expressiva de Ensor talvez tenha sido Entrada de Cristo em Bruxelas-1888. Provocou tantas críticas entre seus companheiros do grupo que não havia mais condições de permanecer entre eles. Após esse episódio, o pintor tornou-se recluso, e passou a ter aversão à convivência com as pessoas.

Em 1893, Ensor fezsua última exposição com o grupo, mas sentindo-se cada vez mais isolado,põe o seu estúdio á vendapor 8500 francosmas nenhum comprador se mostrou  interessado.

Em 1900, voltou a repetir seus temas favoritos. Em 1929 foi condecorado pelo rei Alberto I, o título de barão, e sua obra polêmica A Entrada de Cristo em Bruxelas, foi exposta pela primeira vez ao público.
Faleceu em 1949. 

         The bourgeois solon - 1881                       The Oyster eater - 1882
Cozinheiros Perigosos
Os Telhados de Ostende - 1901
Máscaras assistindo uma tartaruga - 1894
O esqueleto do pintor em seu estúdio


Livro:
de Ulrike Becks-Malorny

GUSTAV KLIMT E SUAS OBRAS

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O Retrato de Adele Bloch-Bauer

                  - Tais Luso de Carvalho


          O RETRATO DE  ADELE BLOCH-BAUER

A obra de Gustav Klimt, O Retrato de Adele Bloch-Bauer, é um dos quadros mais famosos de Klimt.  

- Primeiro porque Adele era esposa de um rico industrial – Ferdinand Bloch-Bauer, que comprou sete obras de Klimt, e ao servir de modelo para esse retrato, feito pelo pintor austríaco em 1907, teria tido um caso com ele –  suspeita de Maria Altmann (sobrinha de Adele) que conviveu com o pintor e a tia. O pintor era conhecido pelo seu envolvimento com suas modelos.

- Segundo porque, para voltar às mãos da família Bloch-Bauer, novamente, a tela esteve no centro de uma disputa judicial que se prolongou pelas cortes austríacas e americana.

As cinco obras que pertenciam à família Bloch-Bauer, entre elas O Retrato de Adele, haviam sido tomadas pelos nazistas – quando eles invadiram a Áustria – e faziam, desde então, parte da Galeria Belvedere, em Viena.

Desde 1945, quando foi revelado o testamento de Ferdinand, sua sobrinha Maria Altmann, legítima herdeira dos cinco quadros – visto que ele não tinha filhos reconhecidos – começou a brigar para reaver as obras. Em 2006 ela conquistou judicialmente esse direito.

No mesmo ano, Maria vendeu por US$135 milhões que, na época foi a soma mais alta já paga para uma obra de arte. O comprador da polêmica obra foi o rico empresário Ronald Lauder, que a acrescentou ao acervo de seu museu Nova-Iorquino, o New Galerie, e disse na época: 'Esse quadro é a nossa Mona Lisa'.

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Filho de um ourives, Klimt nasceu em Viena, a 14 de julho de 1862. Na mesma Viena da virada do século, em que Sigmund Freud sondava a mente humana, Klimt se insinuava com igual profundidade no íntimo da agonizante sociedade vitoriana. 

Suas telas exibiam a dimensão crepuscular do desencanto, da frustração e do espanto da existência humana.

Entrou na Escola de Artes e Ofícios de Viena em 1876. Em 1883 deixou-a para abrir com seu irmão Ernst e Franz Matsch um atelier especializado em painéis decorativos, chamava-se ‘A Cooperativa dos Artistas’, e ornamentaram vários museus, salões e teatros, entre eles o Teatro Imperial de Viena. Pintou as escadarias do Museu histórico de Viena, usando elementos estilísticos de afrescos egípcios ou mosaicos bizantinos.

Mas a referência do grupo ainda era a arte renascentista, influenciada pelo naturalismo do século 19.
Com a morte do irmão, em 1892, o atelier de Klimt foi desmontado, e o artista, então com 30 anos, tenta o caminho convencional: prepara retratos, decora casas particulares e ingressa na Sociedade dos Artistas Vienenses.

Em 1900, no Palácio da Secessão, Klimt expõe o primeiro dos três painéis, decepcionando as autoridades, que dispensam o acabamento dos murais previstos para a universidade. Certamente, o aspecto maneirista do Art Nouveau não era bem aceito; estavam habituados, ainda, com o realismo. Porém os mesmos trabalhos mostrados em Paris valeram-lhe medalha de honra, reconhecimento da intelectualidade francesa a Klimt que começa a ganhar fama mundial.

Os elementos geométricos se incorporam à pintura de Klimt, que, gradativamente abandona a busca de uma ilusão de tridimensionalidade da tela, para resolvê-la em duas dimensões, com supressão das sombras, preceito seguido mais tarde por Matisse e outros.

A fase dourada atinge seu ápice nos painéis e retratos em que Klimt, ao modo antigo, empregava pedaços de ouro folhado ou papel cintilante. Nesse período (1920) enquanto muitos artistas começavam a colagem de elementos, como pedaços de jornais e rótulos de garrafas - que ressaltavam simplicidade -, os dourados de Klimt acentuavam nobreza.

É na primeira década do século 20 que Klimt realiza a parte mais importante de sua obra, ou seja, o Friso de Beethoven.

Os problemas do tempo, como a morte e a vida; a luz e as trevas; a harmonia e o caos persistem na filosofia do artista. No entanto, ao contrário do que fizera nos painéis para a universidade, ele já procura disfarçar os elementos negativos na execução das obras como em As três Idades da Vida, Holofernes e outras, procurando exaltar a vida.

A obra de Gustav Klimt representa o calor do fim do século. Nela a figura humana é transformada num ornamento assimétrico, interligado com elementos decorativos, concebidos para ambientes ao qual estavam destinados.

Após, surge um Klimt com suas mulheres fatais; mostra-se um sensível intérprete da feminilidade. 
Na obra O Beijo, o enlace do casal se confunde: num simbolismo ornamental, o xadrez frio e retangular ressalta os valores racionais do homem, enquanto os cálices das flores redondas aludem à emotividade feminina, que está ajoelhada enquanto é beijada. 

Na obra Judith o dourado de Klimt realça a superfície e atenua a relação figura-mundo. O corpo contrasta com a sensualidade de um roto fotográfico.

Na obra Floresta, as árvores não brotam da terra, pendem do ar; o chão do bosque lembra um tapete.

Ao falecer em 1918, Klimt já havia colocado Viena numa posição de destaque dentro da arte européia. Se o lembrarmos como um contemporâneo de Munch e de Kandinsky, não é como inovador que ele impressiona: pode-se dizer que ele foi um revolucionário conservador.

O Beijo
Emilie Floge                                    Judith


Veja  o vídeo - beleza!!







VELÁZQUEZ – O PINTOR DA CORTE

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        Tais Luso de Carvalho

Diego Rodrigo da Silva y Velázquez, um dos maiores retratistas da história das artes, nasceu na cidade de Sevilha / Espanha, em 1599.

Em 1611 tornou-se aprendiz de Francisco Pacheco, pintor maneirista e importante teórico da arte. Velázquez casou-se com a filha de Pacheco, Joana, em 1617. Por influência do sogro integrou-se à corte real, em pleno século de ouro (16 e 17) da coroa espanhola, totalizando mais de 150 anos. Foi um período de relevância nas artes, na literatura, no teatro, na expansão territorial, no comércio marítimo, na descoberta de prata e ouro gerando riqueza ao país.

Eduard Manet dizia que Velázquez era o maior de todos os pintores, o precursor do impressionismo, por suas pinceladas livres das telas de paisagem. Era também um grande retratista, sendo clássicos seus quadros de famílias reais, como 'As meninas -1656'.

Aos 24 anos Velázquez tornou-se pintor oficial da Corte de Felipe IV, conquistando rapidamente a confiança do rei, sendo esse, retratado apenas por ele.

Entre 1648 e 1651 Velázquez foi à Itália e lá pintou duas dentre suas obras mais célebres: Juan de Pareja (escravo mulato de Velázquez) e Papa Inocêncio X.

As Meninas – antes denominada 'A família de Felipe IV', resultou numa pintura mais solta e na correta dispersão da luz, o qual evidenciava as formas conferindo uma sensação de proximidade e realismo. Nessa obra, Velázquez retratou-se à direita da tela; no centro a princesa Margarida; no canto direito, bufões, anões, um cachorro e dois personagens típicos da corte. No fundo um homem abre a porta, inundando de luz o último plano. A luz e o reflexo no espelho mostra a presença do próprio rei Felipe IV e sua mulher a rainha Mariana.

Admirador de Tiziano, Tintoretto e Veronese foi o maior artista da contra-reforma na medida em que o barroco espanhol era o estilo oficial da reação católica à Reforma. Mas era um barroco ainda realista, que não chegava aos exageros do rococó.

Pintou poucos nus e alguns de seus quadros se perderam, pois ele não os assinava. Dentre alguns, destaca-se 'Vênus no Espelho'. Utilizando cores maravilhosas, principalmente o azul, foi um perfeccionista que se impôs pelo trabalho, transmitindo uma incrível sensação de vida em sua grandiosa obra.

Em seus últimos anos, passados em Madri, Velázquez continuou a receber novas honras, como a 'Ordem dos Cavaleiros de Santiago', em 1659. Suas últimas pinturas, como retrato, foram da rainha Mariana da Áustria e das crianças.

A maior parte das obras de Velázquez encontra-se na Espanha, no Museu do Prado. Fora da Espanha há obras em Londres, na National Gallery que abriga seu único nu ainda existente, e a 'Vênus de Rokeby -1648 no Wellington Museum e na coleção Wallace.
Faleceu em 1660 em Madri como o maior pintor da escola espanhola.




Museu do Prado - veja!
     




OTTO DIX / 1891 - 1969

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- Tais Luso de Carvalho

Otto Dix foi um pintor expressionista alemão que serviu na Primeira Guerra Mundial. Também gravador. Nasceu em 1891 em Gera / Alemanha. Estudou nas academias de Dressen e Düsseldorf, sendo George Grosz o grande expoente do movimento. Seu pai trabalhava numa fundição de ferro e sua mãe era costureira.

Quando criança passava no atelier de seu primo, o paisagista Fritz Amann, onde recebeu incentivo para pintar, começando por paisagens.

Voltou da Guerra de 1914, o qual serviu no setor de artilharia, e mostrou em sua obra toda a desilusão e repugnância ante os horrores,  a depravação de uma sociedade decadente e com um desequilíbrio emocional devastador. Ferido várias vezes, voltou numa maca com ferimentos quase fatais. Seus colegas voltavam mutilados, feridos ou loucos.

As experiências da Guerra, que retratou em quadros de grandes dimensões e com o estilo de um grande mestre,  marcaram não só essa sua visão de mundo, mas seu desejo de recompor na tela os fragmentos desse mundo e a dimensão do poder destrutivo do homem.

Suas obras manifestam a ansiedade do indivíduo e o seu papel na sociedade apresentam uma precisão anatômica de muito realismo. No retrato de seus pais (acima),  as mãos estendidas em direção ao observados, revelam a dureza de uma vida marcada pelo trabalho, enquanto os personagens estão tensos e orgulhosos.

Sua obra  O Vendedor de Fósforos  -1920, é uma descrição desumana da indiferença diante do sofrimento, representado os transeuntes ignorando um ex-soldado cego e paralítico que pede esmola para sobreviver. As 50 gravuras retratando a Guerra, escritas por G.H. Hamilton – Pinturas e Esculturas na Europa, 1880-1940, como talvez as mais desagradáveis manifestações antibelicistas da arte moderna.

Outro dos temas preferidos de Dix era a prostituição. Em 1927, foi nomeado professor da Academia de Dresden e em 1931 para a Academia Prussiana. Mas por ser antimilitarista, Dix atraiu a cólera do regime nazista e foi deposto de seus cargos acadêmicos em 1933, quando sua obra foi descrita como  degenerada. 

Em 1939 foi preso sob a acusação de colaborar num plano para o assassinato de Hitler, mas logo foi solto. No ano de 1945, voltou ao front na Segunda Guerra e foi feito prisioneiro pelos franceses. Em sua fase de exílio no próprio país, abandonou a pintura política e passou a pintar temas de misticismo religioso e paisagens que se assemelhavam à arte clássica.

Expressionista – retratou a guerra com um realismo brutal.
Relatos políticos e sociais.
Portanto, um artista de grande valor – morreu em 1969, Sigen / Alemanha.

Veja maior, dê um zoom!


Os mutilados de guerra

Mutilado de Guerra ante a indiferença dos transeuntes






Referências:
Oxford de Arte / Martins Fuentes - 2007
Grandes Artistas / Sextante


A ARTE DOS ORATÓRIOS

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- Tais Luso de Carvalho

Sendo o Brasil o maior país de religião católica do mundo, não é de admirar que muitas residências tivessem um oratório com seu santo de devoção. Oratório é sinônimo de fé. Unindo fé, espiritualidade e arte, temos um Museu do Oratório na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais.

No texto do Acervo Cultural e Artístico, sobre Arte e Devoção,  há o relato de que entre as primeiras caravelas que chegaram no Brasil, em 1500, havia entre elas um oratório com a imagem de Nossa Senhora da Esperança. Mas o uso generalizado de oratórios, no Brasil, só aconteceu a partir do século 18. Oratórios são objetos que expressam a fé e a devoção da humanidade desde os tempos mais remotos e refletem a passagem do universo grandioso das igrejas para o espaço íntimo do cotidiano doméstico.

Um grande acervo de oratórios e imagens foi se formando em 1998 no Brasil, sendo que a maioria é Mineira. Um casarão do século 18, pertencente à Ordem Terceira do Carmo, no qual morou Aleijadinho durante o período em que trabalhou na Igreja do Carmo, de 1738 a 1814, hoje abriga o acervo com 163 oratórios e  300 imagens do século 17 ao século 20. É o único museu do mundo dedicado a esse tema.

A importância da coleção de oratórios, cuja influência vem do estilobarroco, rococó e neoclássico,é reconhecida em todo o mundo, o que levou o Museu do Oratório a ser frequentemente convidado a expor suas peças em eventos nacionais e internacionais de grande expressão.

O casarão foi totalmente restaurado, preservando o projeto arquitetônico original. Entre os diversos tipos de oratórios da coleção, destacam-se os do tipo bala, assim denominado pelo formato ovalado, semelhante as balas de cartucheira. O Museu do Oratório é administrado pelo Instituto Cultural Flávio Gutierrez, uma homenagem ao pai da colecionadora Angela Gutierrez, responsável pela criação do Museu. A coleção de oratórios já saiu várias vezes do Brasil. Pela primeira vez foi apresentada em Portugal, em 1994. Daí em diante levou parte de seu acervo à França, Itália, Chile, Venezuela, Inglaterra, Estados Unidos, Quito e Equador.
Vale a pena uma visita pelo vídeo - abaixo.











Veja o Vídeo


Fontes:
Matéria ZH-cultura / Museu do Oratório, Minas Gerais


WILLIAM TURNER

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- Tais Luso de Carvalho

Joseph Mallord William Turner, nasceu em Londres no ano de 1775 e foi um dos mais bem-sucedidos artistas do século 19. Desde garoto demonstrou inclinação à pintura fazendo desenhos que seu pai expunha na vitrina de sua barbearia. Já aos 12 anos como aprendiz do gravador John R. Smith, coloria gravuras obtendo noções de perspectiva e aquarela. Seu enorme talento abriu-lhe as portas da Royal Academy (1789), para se aperfeiçoar.

Aos 20 anos foi contratado por uma revista – Copper Plate Magazine – para fazer ilustrações. Seu trabalho consistia em viajar pelo interior da Inglaterra, retratando velhos castelos, abadias, catedrais e paisagens. Revelou-se excelente aquarelista, preocupado, sobretudo, com os efeitos de luz. 

Apesar do processo de urbanização da Inglaterra, consequência da Revolução Industrial, Turner continuou fiel às paisagens, característica que o consagrou como um dos últimos românticos ingleses. Em 1796, quando expôs suas primeiras paisagens a óleo, foi recebido com sucesso. Em 1799 foi eleito membro da Royal Academy. O sucesso deu-lhe condições para viajar à França e à Suíça, pintando paisagens locais.
Em 1804, construiu atrás de sua casa, na Harley Street uma galeria para expôr permanentemente suas obras, transferindo-a, depois, para a Queen Ann Street. Em 1804 foi nomeado professor da Royal Academy.

IMPRESSIONISTA

Trabalhava sempre seus esboços ao ar livre, mas coloria em casa, confiando em sua memória e valendo-se de anotações valiosas. Foi em 1819 que fez uma longa viagem pela Itália, quando se familiarizou com as obras de Canaletto. Dessa viagem surgiu uma nova fase, que se prolongou até 1840: a obsessão pela luz tomou conta de suas telas.

Turner não só mostrava apenas os detalhes do local em que retratava, mas em descrever as condições atmosféricas e como elas modificavam as cenas, causando impacto emocional no espectador.

Passou a pintar muito as marinhas ou paisagens com muita água, onde a luz podia se refletir. Mal compreendido pelos seus conterrâneos foi chamado de  O pintor do branco. É dessa fase a obra  Fragata Téméraire (1839), retratada no momento em que era rebocada. 

Nessa tela, ela é de cor prata, sobre um fundo de pôr de sol e com a imensidão do mar refletindo a cena. Porém a obra foi considerada vistosa, mas sem valor.
Solteirão, transferiu-se para Chelsea, sob o nome falso de Mr Booth, afim de afastar os inoportunos. Os vizinhos julgavam-no um velho marinheiro aposentado e meio louco. 

Suas telas passaram a se constituir de vibrações de luz e movimento; pintava cataclismos cósmicos e passou a interessar-se pelo conflito dos elementos. Os contemporâneos não o compreenderam, mas para os impressionistas era um mestre, que passava a impressão instantânea registrada pela retina.

O escritor e crítico de arte John Ruskin o defendeu quando seus conterrâneos só viam o negativo em suas obras. Em Os Pintores Modernos, obra publicada em 1843, Ruskin descreve:

A tempestade de neve como uma das maiores afirmações do movimento do mar, da névoa e da luz que jamais foram retratadas numa tela.

Morreu em Londres, em 1851, deixando ao patrimônio nacional toda a sua obra: cem telas acabadas, 182 inacabadas e mais de 19.000 desenhos e aquarelas. Para compor essa coleção chegou a recusar vultosas somas, pois achava sua obra muito importante para ficar em mãos particulares. Considerava-se um patrimônio artístico. Sempre que podia comprava trabalhos que vendera quando jovem, para legá-los à Nação.

Seu grande mestre, sua maior inspiração foi Claude Lorrain. Ao deixar suas obras à Nação, exigiu que em seu testamento duas de suas obras fossem sempre expostas ao lado de duas obras de Claude Lorrain.

Ficou visto como o grande compositor plástico da luz, do espaço, do vento e dos segredos. Entendia a linguagem secreta das tempestades e das ondas. Falava com o mar e com as nuvens. Calmarias, geadas, vendavais, nevascas, tudo se transformava de uma forma visionária, com contornos imprecisos dentro da imensidão dos espaços abertos, dos turbilhões da natureza. Nele a figura humana desaparecia.

Segundo sua vontade foi sepultado na Catedral de Saint Paul, ao lado de Sir Joshua Reynolds.










fontes:
Arte Moderna - Norbert Linton 
Grandes pintores - P. Derengoski
Grandes artistas - Sextante


REMBRANDT – 1606/1669

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- Tais Luso de Carvalho

Oholandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn, o pintor da luz dramática, nasceu em 15 de julho de 1606 em Leiden, no seio de uma abastada família burguesa. Seu pai era dono de um moinho, tendo conseguido juntar uma fortuna considerável; sua mãe era descendente de uma família de padeiros, conceituada.

Ainda jovem, em 1620, Rembrandt decidiu trocar os estudos de filosofia pela carreira de pintor, tendo como seu primeiro professor o mestre Jacob von Swanenburgh, que ao longo de três anos lhe ensinou o básico do ofício.

Mais tarde, Rembrandt mudou-se para Amsterdam onde foi aluno de Pieter Lastman, pintor e retratista, muito influenciado pelo caravaggismo. Tinha, também, viajado pela Itália onde descobrira a dramaticidade da luz e sombra para o seu trabalho.

Com um pouco mais de 18 anos, começou com projetos ambiciosos, mas não obteve o reconhecimento que esperava do público.

Até aí tinha feito uma série de autorretratos, que demonstrava muito de sua autoconfiança artística. Desenvolveu esses autorretratos psicológicos, fruto de suas observações e autorreflexões críticas. Esses seus estudos lhe permitiam visualizar um estado de alma.

É com Rembrandt que se renova a pintura holandesa, principalmente no gênero do retrato, que adquire grande dramaticidade, usando cores com maestria, preocupava-se não com o pormenor das coisas, mas com a organização das sombras e luzes, das massas e volumes num conjunto harmonioso, revelando a perplexidade do homem diante da vida.

Em 1630 Rembrandt encontrava-se no início de sua fase mais produtiva, intensificou a produção de gravuras  que vendia em grandes tiragens, conseguindo dessa forma que seu nome fosse bastante divulgado. À medida em que sua fama crescia, sua fortuna aumentava.

Em 1631, Rembrandt, pintou seu primeiro retrato de grupo para a influente associação dos cirurgiões: A lição de anatomia do Dr.Tulp. Esse quadro mostra uma intensidade jamais vista. O pintor não escolheu o motivo da aula de anatomia só como pretexto, só para representar um grupo de membros da associação: ao colocar a aula em primeiro plano e reproduzir a atenção concentrada dos médicos, ele os retratou individualmente no seu meio natural. Demonstra um grande domínio da luz: os rostos das pessoas estão banhados por uma luz extremamente clara que as destaca em conjunto do escuro que circunda.

Após a execução desse trabalho Rembrandt tornou-se famoso em poucos meses, recebendo nos anos seguintes uma enchente de encomendas da burguesia e mesmo da corte de Haia.

QUADROS HISTÓRICOS

Seus quadros históricos tem uma característica muito particular: ilustram os acontecimentos e ao mesmo tempo mostram o homem e seus sentimentos. Interpretava os temas de uma maneira peculiar: preferia mostrar suas cenas no interior, dando à luz um tratamento muito próprio.

Com um claro-escuro acentuado, Rembrandt alcançava efeitos sugestivos e emocionais. Não iluminava muito suas obras, deixava grandes superfícies na obscuridade. As partes iluminadas, normalmente não apresentam uma fonte de luz concreta – a luz parece vinda do interior, tendo um caráter simbólico. Rembrandt trabalhava seguindo a tradição de Caravaggio.

Em 1660 o município de Amsterdam procurava um pintor para retratar uma história. Uma enorme tela deveria representar a conspiração de Claudius Civilis, herói nacional contra o poderio romano. A obra, porém, foi tão desnorteadora, tão selvagem que foi recusada. Muitos anos depois essa obra foi reavaliada, sendo considerada hoje como uma das mais impressionantes obras de Rembrandt.

Uma de suas principais obras foi A Ronda Noturna. Foi uma importante encomenda que o artista recebeu para pintar o retrato de um grupo da guarda-civil. Cercados pela escuridão e ao som de tambores este grupo de milicianos se prepara para sair em marcha. O interessante nessa composição de Rembrandt, é que ele criou uma cena movimentada, como se fosse uma narrativa histórica, mostrando os milicianos no preparo normal para entrarem em formação. A cena aparece dramática, com áreas escuras e com focos de luzes que destacam os rostos, capacetes e armas.

FAMÍLIA

Seu casamento com Saskia van Uylenburgh, filha de uma distinta família de patrícios, em 1634, integrou Rembrandt na alta sociedade. Essa ascensão social, a fortuna de Saskia, seu ordenado de professor e a venda de quadros o colocaram no patamar de um homem bem-sucedido. Porém todo o dinheiro ganho era gasto nos leiloeiros; colecionava vestes, armas, livros, gravuras em cobre e outros objetos que pintava em seus quadros, ricos em adereços. Essas aquisições pesavam de tal forma na sua fortuna que Rembrandt não conseguiu pagar o sinal de uma casa na seleta rua Breestraat.

A vida do pintor na capital da Holanda era amena e feliz. O amor que dedicava à sua esposa, transparece nos quadros que a retratam. Porém, nessa época já se nota um aspecto inquietante na sua pintura, e que se desenvolveu com o tempo, terminando por afastar os clientes, tal a crueza exposta e que chocava seus contemporâneos.

Em 1642 Rembrandt começou a sentir os primeiros dissabores. Morreu a esposa, deixando-lhe o filho Titus. Marcado pelo sofrimento suas pinceladas tornaram-se mais violentas. Com lente de aumento observava a degradação do próprio corpo e a transportava para a tela.

O abatimento que se revela no rosto da obra Betsabá, a noiva Judia,a degeneração no corpo do Boi Esquartejado, e no Cristo em Os Peregrinos de Emaús, acabaram aparecendo no rosto do artista, tal como é fixado no seu último autorretrato. Ao todo, Rembrandt pintou ao longo de sua carreira 86 autorretratos, em vários estilos diferentes, que eram colecionados por conhecedores e que o ajudaram, posteriormente, a firmar sua reputação.

Na miséria e esquecido, Rembrandt continuou a pintar, analisando cada vez em maior profundidade as paixões e a decadência humanas.

Morreu no dia 4 de outubro de 1669, deixando em seu testamento algumas roupas de linho e lã,'minhas coisas de pintor'.






Fontes:
Arte nos Séculos – Abril Cultural
História da Pintura – ed. Könemann
Tudo sobre arte – Stephen Farthing / Sextante


IMPRESSIONISMO

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- Tais Luso de Carvalho

Na segunda metade do século 19 um grupo de artistas revolucionou a pintura na França. Eram eles Édouard Manet, Claude Monet, Auguste Renoir, Edgar Degas, Paul Cézanne, Camille Pissarro, Alfred Sisley, Coubert, Gustave Caillebotte, Berthe Morisot, Ernest-Lurent, Henri Martin, Le Sidaner, o alemão Fritz Von Uhde entre outros.

Por oposição aos artistas franceses mais famosos da época, na qual suas obras apresentavam na maioria as temáticas religiosas, históricas ou mitológicas, esse grupo enveredou pela pintura ao ar livre ao invés do estúdio fechado. Usavam cores brilhantes e preocupavam-se mais com as matizes proporcionadas diretamente pela luz do sol do que pela precisão do  desenho em si.

Em 15 de abril de 1874 teve lugar a primeira exposição coletiva no estúdio que pertencia ao fotógrafo Nadar. Mostraram o que de melhor  havia nesse movimento, após um período de muita criatividade. E nessa exposição um jornalista os apelidou de Impressionistas, uma forma de dizer que suas obras eram apenas capazes de representar a primeira impressão. Os pintores adotaram esse nome e foi com ele que passaram para a história das Artes.


Porém, sofreram críticas e atos de indignação da maioria dos visitantes e da crítica, considerando-os falsos pintores. A exposição encerrou-se um mês depois. Eram chamados de selvagens obstinados e que não queriam terminar seus quadros, por preguiça ou incapacidade.

A exposição foi vista por 3500 visitantes, mas poucas pinturas foram vendidas, e a baixo preço. Alguns artistas  não venderam nenhum quadro. Muitas obras ficaram por vender e assim tiveram de organizar outra exposição, no ano seguinte, no Hotel Drout, no qual os trabalhos de Monet foram avaliados entre 150 e 300 francos e outros de Renoir abaixo de 100 francos. Eram cifras muito baixas, comparadas com salário semanal de um pedreiro que rondava os 50 francos.

Farsantes! Impressionistas! Gritavam muitos. A palavra Impressionista era gritada pejorativamente. Dois anos depois fizeram outra exposição e pregaram na porta da rua Lê Peletier, 11, uma tabuleta dizendo: Exposição dos Pintores Impressionistas. Deste modo sarcástico, nascia a nova pintura cujas características técnicas e expressivas se estenderiam a outras Artes, inclusive à musica, com Claude Debussy.

Entre restrições e ironias, combatidos sobretudo pela Escola de Belas Artes e pelo Salão Oficial, aos poucos os Impressionistas foram sendo compreendidos, quando, em 1886 o grupo se dispersou, cada um tomando seu rumo. A nova pintura tornou-se conhecida nos demais países europeus e suas obras admiradas e adquiridas por colecionadores nacionais e estrangeiros.

Os Impressionistas inovaram na técnica e na expressão da pintura. A realidade era vista de um modo original, diferente da pintura retratada até então.

Claude Monet – francês (1840-1926) foi o chefe da escola impressionista. O impressionismo foi o natural desenvolvimento do Realismo. Nasceu, elaborou-se e definiu-se dentro do Realismo.

Os Impressionistas se diferenciavam de outras Escolas.  Diziam eles...

1– Que a cor não era uma qualidade permanente na natureza; as tonalidades estão mudando constantemente, ao contrário, estão mudando incessantemente, com sutilezas impermeáveis ao olhar embotado ou desatento.
2– A linha não existe na natureza. A linha é uma abstração criada pelo espírito do homem, para representar as imagens visuais.
3– As sombras não são pretas nem escuras. São luminosas e coloridas. São cores e luzes de outras tonalidades.
4– A aplicação dos reflexos luminosos ou do contraste das cores se influenciam reciprocamente. Essas influências obedecem ao que se chama a lei das complementares, percebida pela sensibilidade de muitos pintores e depois formulada em bases científicas.
5– A dissociação das tonalidades ou a mistura ótica das cores.

Na ânsia de obter a limpidez e transparência das cores naturais, os impressionistas resolveram produzi-las na pintura como as produz a natureza. Quando queriam representar o verde, por exemplo, em lugar de darem uma pincelada de verde, já preparado na paleta com a mistura do amarelo e azul, ou do próprio tubo, davam duas pinceladas bem juntinhas, uma azul e outra amarela, a fim de que a mistura das duas cores, produzindo o verde, se fizesse no nosso cristalino, no mesmo processo da natureza. Essas pinceladas, miudinhas, eram usadas por quase todos os impressionistas e denominavam de mistura ótica.

A história dos Impressionistas teve lugar, principalmente em Paris. Representavam a vida das grandes metrópoles, pintavam a atmosfera das Vilas, da floresta de Fontainebleau, das pontes sobre o Sena, o Moulin de la Galette, o Louvre, os cafés, o Molin Rouge e o Palais de L' Industrie, das costas da Bretanha, da Normandia e da Provença. Os arredores de Paris constituíam um inesgotável repertório de temas. 
Contudo não ficaram confinados à França: a sua arte invadiu os mercados internacionais, sobretudo os de Londres e de Nova Iorque. 



Edouard Manet / A Amazona
Alfred Sisley - Cena de Desastre
Em 1876 o Sena inundou as margens de Marly-le-Roi. 
Sisley expressa a desolação depois do desastre.
   Monet / Boulevard des Capucines - Paris, 1873.
Foi considerado um dos trabalhos mais escandalosos devido ao modo sumário
como está pintada a multidão que passeia pela cidade.
Na 1ª Exposição em 1874.

Cézanne  - A casa do enforcado 1873
Na 1ª Exposição dos Impressionistas (1874)

Degas - As Engomadeiras 1884
Apesar de ser um aristocrata, Degas interessava-se constantemente pelo
 trabalho duro feminino. Esse é um dos muitos quadros que pintou sobre o tema.

O Camarote - Renoir / Exposição de 1874. 
Uma das primeiras obras impressionistas dedicadas à temática do teatro.

A Primeira Impressão: Sol Nascente - Monet
Esta obra pode não ser a primeira pintura de Monet, mas certamente é a que simboliza o nascimento do grupo dos Impressionistas.   
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Os Impressionistas - Porto ed. 2000 / Portugal


VICENTE DO REGO MONTEIRO

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              – Tais Luso de Carvalho

Vicente do Rego Monteiro, nasceu em Recife – Brasil em 19 de dezembro de 1899. Com 12 anos de idade passou a dividir sua vida entre Recife e Paris na companhia de sua irmã Fédora, também pintora. De 1911 a 1914 residiu em Paris onde frequentou  a Academia Julien, e dois anos depois expôs suas esculturas e pinturas no Salon des Indépendants, em 1913 – Paris.

Em 1914 retornou ao Brasil, fixando-se no Rio de janeiro. Em 1920 expôs aquarelas em São Paulo e ligou-se aos modernistas Anita Malfatti, Brecheret e Di Cavalcanti e  conhecendo em São Paulo, Pedro Alexandrino.

Já adulto e sempre atuante como pensador, pintor, escultor, jornalista e editor, sua criatividade o conduziu à realizar-se nos mais diferentes campos,  desenvolvendo sua pintura inspirada na arte indígena, raiz de brasilidade que procurou manter através de sua obra.

Participou de várias mostras individuais em Recife, São Paulo, Rio de janeiro, Paris e, em 1922, integra a Semana de Arte Moderna deixando 8 obras aos cuidados do poeta Ronald de Carvalho que viriam a figurar na Semana de 22. Participou, ainda, de diversas coletivas nos EEUU, Holanda, Paris, Recife, Salvador, Olinda e São Paulo.

Sua segunda estada na França foi muito proveitosa: a editora Tolmer publica, com textos e ilustrações de sua autoria, o livro sobre lendas indígenas que projeta Vicente no ambiente literário.

Novamente de volta ao Brasil o artista fundou, no Recife, a revista Renovação – no ano de 1929. No ano seguinte promoveu uma série de Exposições trazendo do exterior telas de Braque, Léger, Picasso, Miró, Gino Severine, Fernand Léger, e outros artistas do cubismo e Surrealismo.

Continuando sua experiência editorial, Vicente publica em Paris (1947), a revista La Presse à Brás. Nesse período se dedica intensamente à poesia. Organiza o Mur des Poètes, O 1º Congresso Internacional de Poesia de Paris e o 1º Salão de Poesia - ambos em 1952. Coroando sua dedicação e talento recebe, com o livro 'Broussais – La Charité',o prêmio Apollinaire.

Porém, melhor sucedido na pintura do que nas letras, no ano de 1957 foi nomeado catedrático da Universidade Federal de Pernambuco. 

Museus do Brasil e da Europa expõem suas telas, onde o desenho forte, às vezes monumental, mostra a preocupação constante do artista: não abandonar os valores nacionais.

Faleceu repentinamente em 5 de junho de 1970, de enfarte, quando se preparava para viajar de Recife para Brasília. 

Já no ano seguinte, em novembro de 1971, o MAC organizou a primeira retrospectiva em sua sede, no Ibirapuera. 








Fontes:  Arte nos séculos / Abril cultural   -  D.Oxford de Arte


A MULHER ATRAVÉS DA PINTURA

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- Tais Luso de Carvalho

ATRAVÉS DOS TEMPOS...  

Há milhares de anos o homem faz arte olhando o mundo ao seu redor: paisagem, animais, outros homens. E tira para si algo que tenha significado ou possa transmitir uma ideia ou sentimento. Um livro de arte é como um livro do tempo, pois nos mostra o mundo, o homem através de muitos milheiros.

O homem das cavernas não pintava paisagens, e na arte egípcia e romana elas pouco apareciam. Só no renascimento as paisagens surgem na pintura. Temas e interesses, formas e conteúdos vão se modificando ao longo do tempo, assim como o próprio homem.

Em arte tudo é transformação, porém um tema, o único que sempre esteve presente, desde o período pré-histórico, é a mulher – presente e sempre passando por transformações.

Vênus de Willendorf - Escultura de pedra.

Aprimeira mulher foi esculpida por um caçador primitivo no período pré-histórico / paleolítico superior há 40.000 anos. Atualmente se encontra no Museu de História Natural de Viena. Tem 11 cm de altura e foi esculpida em calcário Oolítico. Foi encontrada em 1908 na Áustria.



Deusa das Serpentes / Creta 1800 a.C.

Com o passar dos séculos surge a mulher de vestido longo e seios à mostra, a figura esguia da Vênus pré-histórica – Deusa da Serpente. Como é uma deusa, embora tenha corpo humano, é distante e severa na postura e no olhar. Mede 29.5 cm de altura e encontra-se no Museu Arqueológico de Heraclião / Grécia.



Retrato da Esposa / 1350 a.C - Fig Egípcia

As figuras egípcias são de uma elegância aristocrática. Essa mulher é leve, magra e com roupa. O olho de frente e o rosto de perfil; o corpo de frente, as pernas e braços de lado. Durante séculos o Egito representou dessa maneira as figuras humanas por força de uma tradição ligada a valores religiosos. Durante muito tempo a arte do Egito foi esquecida da Europa. A partir do século XIX é que a arte dos egípcios foi descoberta, passou a inspirar os artistas e ser admirada.



Vênus de Milo / séc II a.C. - Grecia

AGrécia nos deixou um mundo povoado por mulheres ideais e homens perfeitos. Na exaltação de Afrodite, a Deusa do amor e da beleza, o artista buscou a harmonia formal: graça na postura, suavidade nos contornos, proporção nas formas: livre, solta e bela. Por isso encantou gerações de artistas, inspirando o Renascimento no século XV e o Neoclassicismo no século XIX.



Flagellato e la Baccanti / séc I - Roma

A pintura romana chegou até nós graças a um terrível acontecimento: as cidades de veraneio Pompéia e Herculano ficaram por muitos séculos soterradas sob as lavas de um vulcão. Só no século XVIII é que foram descobertas as ruínas das duas cidades que guardavam, pelas lavas ressecadas, grandes exemplos da pintura romana. A arte de Pompéia guardou um caráter misterioso e particular por estar ligada a uma série de ritual que só as mulheres tinham acesso. Através dessas obras encontradas é possível imaginar como seriam as pinturas gregas e dos povos sob sua influência que se perderam no tempo e não pudemos conhecer. Embora mais realista, suas figuras são mais pesadas, as mulheres mais volumosas e menos preocupadas com os deuses.



Imperatriz Teodora / séc. I – Bizâncio


Os deuses e nobres estão distantes dos homens comuns. A lição grega aprendida pelos romanos já não interessava mais. É outra gente, outra época em contato mais estreito com o oriente. As obras desse período são frias, distantes, sagradas. Brilha mais o ouro no mosaico que o olhar dos santos. No luxo das roupas, um símbolo do poder.



Período Românico – séc XII

São raras as figuras femininas no período românico. A própria vida da mulher na sociedade medieval é apagada e reclusa, pois valores da religião cristã impregnaram todos os aspectos da vida medieval. A igreja como representante de Deus na terra tinha poderes ilimitados e assim glorifica mais o Cristo do que a Virgem. A noção do mal e do bem orienta a arte e predomina a ideia de que a mulher representa o pecado. Invariavelmente numa manifestação românica, ela é santa ou pecadora e tem o corpo maltratado. Santa ou pecadora –, mas nunca uma simples mulher.




Virgem com o Menino e os anjos / séc XIV 
Período Gótico

Lentamente vão surgindo o sorriso e a 'mulher'. Aparece aqui nesse período a riqueza das roupas, a harmonia da postura, a graça e elegância dos contornos. Nesse período a imagem da Virgem é exaltada, reabilitando a mulher que não é mais pecado e pode ser bela.
Essa obra é do artista italiano Cimabue. (afresco da igreja S. Francisco de Assisi - 1280)



O Nascimento de Vênus / séc XV - Renascimento

Em imagens religiosas ou profanas a beleza da mulher é outra vez enaltecida. Os artistas retomam a lição dos gregos. Fatores de ordem econômica e social contribuíram para uma nova visão do mundo. Dominando o conhecimento científico o homem se coloca no centro do Universo. Desvinculando-se dos laços que a atavam à religião, a arte respira um ar de liberdade e a natureza passa a ser o foco das atenções. Procura-se a harmonia, a proporção das formas. A pintura consegue dar às figuras uma ilusão de vida, de volume. E as paisagens um sentido de profundidade, graças à perspectiva. E o artista modela os rostos e os corpos femininos, buscando outra vez uma beleza ideal, a perfeição absoluta. 



Escultura Africana  / séc XX 

Aqui, já são outras as proporções e significados. É visto na arte africana, que a obra tem de corpo magro e cabeça grande demais em relação aos padrões Ocidentais. Mas isso pouco importava diante da coerência e da força expressiva que impressionava na obra. Há muito tempo a arte africana era conhecida, embora desprezada pelos europeus. Apenas no início do séc. XX, artista como Picasso buscou inspiração na África, reabilitando essa arte.




Barroco – O rapto das filhas de Leucipo 
séc. XVII - Rubens

Aqui as mulheres são loiras, gordas e sensuais, aparecendo entre espirais e arabescos. Pintura explosiva, sensual que fala ao sentido com suas figuras tão distantes das imagens sagradas de Bizâncio. E das formas do Românico. Os nus de Rubens são exuberantes.



Condessa de Howe / Gainsborough - séc XVIII

Aqui nas obras de Gainsborough, as mulheres são de uma síntese inglesa de elegância, requinte e boas maneiras. As figuras se mostram sóbrias, calmas e recatadas. Até na cor há sutileza com tonalidades de outono. O artista criou uma delicada harmonia. Nada é exaltação. Se existe alguma é no capricho das rendas. Uma graça discreta.



Mulher puxando as meias / Toulouse Lautrec – 1894

Lautrec cria uma mulher mais humana do que bela; não é mais cantada a beleza da modelo. Está muito distante dos nus de Ingrés ou da exaltação renascentista. A mulher também não é mais um símbolo religioso. Agora é focalizada sua intimidade. Um desenho forte, marcante e ágil, por vezes até caricatural, define a figura. A cor e o modelo tem menos importância. A mulher pode ser fria e triste, mas sempre vista naquilo que tem de mais humano e sofrido.



Mulher ao espelho / Picasso – 1932

Para Picasso a mulher importa pouco, a realidade também. Ambas são pretexto para uma fantasia de formas e cores. Olhando-se essa obra se procurarmos simplesmente pela mulher, não teremos resposta. Mas se procurarmos a pintura, encontraremos a riqueza das formas, a força das cores, a emoção oferecida por um desenho fluído que descreve mil espirais. É também a mulher, mas pretexto para uma festa colorida de Picasso.



Marilyn / Pop-art – Andy Warhol

Com várias nuances de cor, Marilyn virou coqueluche. A pop art começou com a apropriação de objetos que, para surtir efeito precisava multiplicar-se, nos mesmos moldes da publicidade, da imprensa e da indústria das celebridades. Este era um dos segredos. Ainda mulher, mas esquematizada, transformada em símbolo gráfico. A cultura das massas, contemporânea, a partir de 1950. Embora simplificada para facilitar a repetição e a reprodução em larga escala, essa mulher ainda é capaz de transmitir sentimentos e ideias. O que de fato muda no passo rápido da evolução e do progresso é a maneira de representá-la com as mãos da arte, universal e terna e com os olhos de cada época.



A obra depois de criada se liberta do seu autor, do lugar onde surgiu, e passa a viver autônoma no mundo da arte.







RUBENS GERCHMAN

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O Beijo


- Tais Luso de Carvalho

Nasceu no Rio de janeiro em 1942 onde iniciou sua formação artística em 1957 no Liceu de Artes e Ofícios onde estudou desenho. Posteriormente entrou para a Escola de Belas Artes onde realizou suas primeiras exposições em 1960 e em 1961. Seus trabalhos, inicialmente, eram a xilogravura e serigrafia  que exploravam a vida cotidiana das grandes cidades, como futebol, concursos de beleza, política onde abordava, também, os dramas humanos documentando a realidade social. E com essas abordagens alcançava enorme sucesso nacional e internacional onde obteve o prêmio  Figuração Narrativa na Arte contemporânea de Paris, em 1965.

Em 1966 abandonou a serigrafia e xilogravura e parte para outros materiais como madeira, alumínio... e começou a planejar grandes construções para espaços abertos: as cartilhas superlativas onde deveriam ser postas em lugares predeterminados, como um enorme 'AR', de aço inoxidável que deveria ser colocado no alto de um edifício, contrapondo-se às antenas de televisão das montanhas da Guanabara.

Empenhado em manter uma comunicação cada vez maior com suas obras, Gerchman foi um artista que viu na palavra escrita o recurso para expressar melhor sua mensagem estética. Valeu-se de frases que completavam o significado das representações e quando a imagem não conseguia mais transmitir suas ideias, ele usava unicamente as palavras em criações monumentais destinadas à apreensão fácil e imediata por parte do público.

Contemplado com o prêmio adquirido no 16º Salão de Arte Moderna, em 1966, ganhou uma viajem ao exterior onde resolveu residir em Nova Iorque entre 1968 a 1972. Em 1978, viajou para os Estados Unidos com bolsa da Fundação John Simon Guggenheim.

Influenciado  pela Pop Art, Arte concreta e neoconcreta, tornou-se um dos principais representantes da Vanguarda carioca. Morreu aos 66 anos, em 2008, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, vítima de um tipo raro de câncer.

"Os problemas de linguagem pictórica são a preocupação de uma minoria, mas a guerra, o sexo, a moral, a fome, a liberdade são problemas de todos os seres humanos". (de Ferreira Gullar, seu amigo).

O Carro
Não há vagas / 1965

As Panteras / 1990
Viva a Vida


Lindonéia / 1996
Poesia Visual

- Enciclopédia Virtual Itaú
- Arte nos Séculos / abril cultural


DAVID – JACQUES LOUIS

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- Tais Luso de Carvalho


David - Jacques Louis, grande mestre do classicismo francês, nasceu em Paris no ano de 1748. Para conhecermos a obra de David, vale a pena entrar um pouco no período político-histórico da época. Filho de uma próspera família burguesa, aos 18 anos tornou-se aluno da Academia Real de Paris.

Ali teve como professor Joseph Vien, que inspirado no que vira em Pompéia, dera início a um movimento artístico denominado Moda Pompeiana, cujas ruínas haviam sido recém-descobertas e que caberia a David desenvolver e afirmar o novo movimento artístico - o Neoclassicismo.

Acreditando na superioridade da cultura antiga, David viajou com Vien para a Itália, onde a atuação dos papas (reabrindo as galerias de arte antigas), mais o interesse por Pompéia e o retorno ao gosto clássico haviam reconduzido Roma à posição do mais importante centro artístico europeu. David dedicou-se a copiar baixos-relevos e estátuas para aperfeiçoar sua técnica. O escultou Giraud ensinou-lhe a observar os modelos vivos sob o prisma da arte helênica. David permaneceu na Itália por cinco anos formando um contato direto com a antiguidade. Em 1780 voltou à França.

Participava ativamente dos acontecimentos políticos de seu país, tornando-se rapidamente o representante principal de um classicismo revolucionário.
O lema Liberdade, Igualdade, Fraternidade não era integralmente seguido na França. A Revolução Francesa trazia, contudo, mudanças radicais para a sociedade. A monarquia foi substituída pela república democrática; criou-se a Convenção eleita por votos representativos de todas as classes sociais e surgiram duas alas de pensamentos políticos: uma defendia a ordem burguesa, e a outra as ideias populares. Essa divergência causava várias crises que só seriam solucionadas com a ascensão de Napoleão ao poder.

A burguesia tentava implantar os ideais revolucionários apoiando-se no pensamento iluminista, em busca de uma verdade universal. E através dos filósofos Montesquieu, Voltaire, Pascal, Diderot e Rosseau, com suas ideias iluministas, atingiram a arte: ela deveria ser moralizadora, pregando a virtude e exaltando o caráter heroico da Revolução. Os volteios do Rococó já não serviam para exprimir o momento que se vivia.

Era preciso encontrar uma forma de retratar o mundo, que dispensassem subterfúgios e enfeites e que criasse uma atmosfera heroica: o belo ideal da Antiguidade romana trazia em si a perfeição e a objetividade das linhas acadêmicas além do heroísmo que os defensores da Revolução desejavam transmitir. Em suma: inspirando-se num passado clássico, os artistas do fim do século 18 e começo do século 19 criaram um estilo – o Neoclassicismo.

O Neoclassicismo tornou-se, na época, o Movimento oficial da Revolução Francesa. David fez parte da Convenção nacional e Membro do Comité de Arte e Instrução Pública. Manteve-se como um ditador nas artes francesas até a queda de Napoleão. Nesse período sua obra voltou-se para os temas revolucionários, como em A Morte de Marat (1793), mas durante o império napoleônico, começou a perder a sobriedade neoclássica, influenciado pelo fausto da corte. Assim o luxo e a riqueza de detalhes aparecem com destaque na Coroação de Napoleão em Notre-Dame.

David foi unanimemente reconhecido como o pintor da Revolução. Tomou parte ativa na fundação do novo Instituto que substituiu a Academia e tornou-se defensor ardente de Napoleão mantendo-se sempre no topo. Entre 1802 e 1807 pintou uma série de obras exaltando os feitos do Imperador. Essas pinturas marcaram uma mudança técnica e estilística em relação às pinturas da época republicana. As cores frias e a composição severa das pinturas heroicas cederam lugar novamente à suntuosidade e ao romantismo de outrora – embora David sempre tenha se colocado em oposição a essa escola.

Com a queda de Napoleão David retirou-se para Bruxelas e suas obras enfraqueceram no sentido de não exercer mais uma influência moral e social.

Sua obra exerceu muita influência sobre o desenvolvimento da pintura francesa, ou mesmo europeia, e entre seus alunos estavam Gérard, Gros e Ingres.

Como pintor patriótico oficial, praticamente renunciou ao estilo anterior, mesmo nas obras desligadas da política. É o caso do Rapto das Sabinas, tela em que os três princípios básicos dos clássicos – sobriedade, simplicidade e dignidade – já ficaram inteiramente renegados.

Exerceu influência considerável junto ao governo da França como porta-voz de todos os assuntos relacionados à arte e à propaganda política. Lógico, através da própria arte.

Com a queda de Napoleão e a restauração monárquica, David cai em desgraça (ele votara pela condenação de Luis XVI durante a Convenção) e passa os anos restantes de sua vida exilado em Bruxelas, onde morre em 29 de dezembro de 1825.

Com o Juramento dos Horácios começou a trilhar seu caminho de glórias em Roma. Aplaudido pelos mais famosos artistas do ambiente romano, recebia centenas de visitantes em seu atelier. Artistas e amantes da arte enviavam cumprimentos e flores. Exposto no Salão de 1785, em Paris, O Juramento dos Horácios causou muito sucesso. E foi considerado o mais belo quadro do século - e David um revolucionário.

O choque provocado pela célebre e discutida tela, deveu-se à comparação com o trabalho de outro mestre da época, Fragonard. O contraste entre a pintura galante de Fragonard e o vigor e a força dos quadros de David, saltava aos olhos dos franceses.

O amor pela razão e o repúdio a qualquer tipo de religiosidade ressuscitaram o estudo da anatomia do corpo humano. A musculatura é minuciosamente descrita no quadro de David; as formas das pernas e dos braços são o resultado da observação fiel da realidade.

Antes do aparecimento de David o neoclassicismo era apenas mais uma moda, disputando a supremacia com o rococó cortesão. Após o sucesso do Juramento, ele se define e triunfa, passando a ser considerado o estilo oficial da França.


'Minha intenção é pintar os ambientes antigos com tal exatidão que os gregos e romanos, vendo meus quadros, não me considerariam estranho aos seus costumes'.


A Morte de Marat / 1793 – Museu Royal de Belas Artes, Bélgica.
Homenagem de David a Jean Paul Marat que foi assassinado. David o retrata com dignidade e a ternura de um santo martirizado.





O Juramento dos Horácios /1785 - Museu do Louvre
A Morte de Marat / 1793 – Museu Royal de Belas Artes, Bélgica
Monsieur Lavoisier and his wife – 1788 Metropolitan Museum of Art
A Morte de  Sócrates / 1787 – Metropolitan Museum of Art – Nova York
Napoleão cruzando os Alpes - 1801 - Chateau National de Malmaison / França





CAMILLE PISSARRO

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- Tais Luso de Carvalho

Camille Pissarro nasceu em Saint'-Tomas, nas Antilhas, no ano de 1830 e estabeleceu-se em Paris em 1855. Filho de um comerciante israelita e de mãe crioula, depois de ter estudado em Paris, foi, inicialmente, forçado por seu pai a se associar em seus negócios.
Mas tendo conhecido o pintor dinamarquês Fritz Melbye, seguiu com ele para a Venezuela. Enfim, em 1885 foi para Paris e entusiasmou-se por Carot, que orientou sua vocação para a paisagem.
No início foi muito influenciado pela pintura de Carot, Millet e Daubygny.
Não levou muito tempo para romper com a pintura acadêmica e expôr no Salon des Refusés, em 1863.
Mas foi em 1870, enquanto a França se envolvia na Guerra desastrosa com a Prússia, que Pissarro se encontrava com seu amigo Monet em Londres. Também foi durante esta estadia na capital inglesa que conheceu o galerista Paul Durand-Ruel.
Camille Pissarro foi o mais velho incentivador do grupo dos impressionistas. Exerceu uma enorme influência no grupo dos pintores jovens, aconselhava com benevolência e energia, e teve seu lugar de importância na arte do século 20. Foi o único membro do grupo que não faltou a nenhuma das exposições do movimento. Foi o primeiro a eliminar da paleta, o betume, o preto e a cor terra de siena, alterando assim a gama de cores para tonalidades mais claras.
Nas suas obras, das mais impressionistas, conseguiu unir um vivo sentido da cor com o equilíbrio geral da composição.
Pissarro mostra em suas obras o grau de refinamento que alcançou na pintura de paisagens. Foi capaz de representar os matizes de cores e a variedade de luz que se pode observar na natureza, seja iluminada, seja num bosque.
De regresso à França em 1871, Pissarro trabalhou em Pantoise e Eragny . Após 1885 demonstrou interesse pelas teorias neo-impressionistas de Seurat e Signac, mas o entusiasmo por esse estilo durou pouco, voltando a uma pintura mais livre.
A obra de Pissarro mostra uma evolução regular desde o realismo do meio do século 19 até o divisionismo livremente interpretado, sempre baseado numa profunda preocupação com a natureza. Foi um dos pintores que melhor soube expressar a atmosfera profunda e particular do campo francês. Dizia ele - a seu filho - que era de temperamento rústico, melancólico, de aspecto grosseiro e selvagem.
Segundo Cézanne, Pissarro foi o pintor que mais se aproximou da natureza: Ele traduziu especialmente as casinhas camponesas no fundo dos valões profundos, envolvidas de verdura ondulante, com um sentimento direto da verdade das coisas da terra. Preconizando sem se cansar a humildade diante da natureza, o humilde e colossal Pissarro – como dizia Cézanne – aparece como um dos mais autênticos pintores franceses.

Veio a falecer em 1903.













GLÊNIO BIANCHETTI

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Ciranda

Nascido em 1928, Bagé, Rio Grande do Sul, GlênioBianchetti se apaixonou pela arte sem saber direito o que realmente significava. Pintor, escultor, ilustrador, professor e gravador, O artista aprimorou seus dons artísticos no decorrer dos anos, em cidades como Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília. Hoje ele é reconhecido no país e afora pelas suas obras contemporâneas de sucesso mundial. Via Sacra, sua atual exposição é bela, diferente, contemporânea. Bianchetti focaliza os instantes que precederam a crucificação.


Feita sob encomenda, Imagens Sacras consumiu meio ano de trabalho.

'O tema é hiper batido. Desde a Renascença até agora serviu de matéria-prima. Como fazer? Tenho que repetir. Para mim a Via-Sacra é Cristo, sozinho, caminhando para a morte. Mas não tem sangue nem violência'.


É considerado pelos críticos como um dos pintores expressionistas e figurativos de maior talento e originalidade dos últimos tempos. A pintura se confunde com a própria vida do artista gaúcho.


Bianchetti mantém atelier em Brasília e Nova Viçosa – Bahia. De vez em quando volta à Porto Alegre para rever os amigos. Apaixonado pela pintura, só pensa em dar continuidade ao seu trabalho. Está com vários projetos para expor em Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro no próximo ano. Até dia 3 de outubro está com exposição na Casa Arte, em Porto Alegre.


Aos 79 anos, ele reúne cerca de 2000 obras de pinturas, gravuras e tapeçarias.

Via Sacra                                      Lázaro - 1959

'Glênio Bianchetti iniciou seus estudos artísticos na década de 1940 sob orientação de José Moraes. Em 1949, ingressou no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre, onde foi aluno de Iberê Camargo. Três anos depois, fundou o Clube de Gravura de Bagé, ao lado de Glauco Rodrigues e Danúbio Gonçalves. O grupo defendia a popularização da arte por meio da abordagem de temas sociais e regionais em um estilo figurativo realista com traços expressionistas. Com os amigos Carlos Scliar e Vasco Prado, Glênio fundou o Clube de Gravura de Porto Alegre. Em 1953, dirigiu o setor gráfico da Divisão de Cultura e Educação da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul. Nesse período, ele ilustrou obras literárias e realizou seus primeiros painéis em espaços públicos. Em 1962, transferiu-se para Brasília, onde ajudou a construir a Universidade de Brasília. Na instituição, lecionou disciplinas de desenho no Instituto de Artes Visuais. No início da década de 1970, colaborou na criação do Museu de Arte de Brasília. Participou de exposições no Brasil e no exterior e, em 1999, no Palácio Itamaraty, foi homenageado com a retrospectiva dos seus 50 anos de carreira. Em 2009, a vida de Glênio ganhou as telas em um documentário de 52 minutos dirigido por Renato Barbieri.'
(Correio Braziliense - Marcela Ulhoa).

São Francisco
Garotos
Canto de sala - 1988
Casal na praia




O filme  'BIANCHETTI' -

de Renato Barbieri, transcende qualquer aspecto de sua

narrativa e de sua técnica para alcançar os níveis de uma linguagemnotável e exala, plena de vida e poesia. O documentário cria um tempo múltiplo, não cronológico, de intensa beleza, e há momentos em que quase invertem-se os papéis quando, pelo uso da cor e do enquadramento, transforma os paisagens filmadas em algo mágico, tão semelhante à paleta do pintor, que termina tudo virando pintura: o filme e o seu objeto. Parece que aí penetramos como numa espécie de “terceira dimensão” que só as virtualidades do cinema podem no propiciar. (texto do cineasta Wladimir Carvalho).



DVD  BIANCHETTI

Direção Renato Barbieri
Roteiro de Victor Leonard e Paulo Eduardo Barbosa
Está à venda na LIVRARIA CULTURA e pode ser comprado  no site da livraria






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